Nasce toda verde,
vermelha renasce a folha,
logo será ouro.
* * *
Preso em saco plástico
último frêmito de asas —
morre a borboleta.
* * *
De ponta-cabeça
céu vira mar, mar é céu —
e o céu tem marola
* * *
A casa vazia
sem cheiro nem som, revive;
chegou a criança!
* * *
Ouço um chilrear —
há uma criança e há pássaros —
de quem esse canto?
* * *
Goiabas maduras —
corro a colhê-las — os pássaros
acordaram antes
* * *
Estrada longa
margeada de cajueiros
— água na boca.
Maria Valéria Rezende nasceu em Santos, São Paulo, onde viveu até os 18 anos. Em 1965, entrou para a Congregação de Nossa Senhora, Cônegas de Santo Agostinho. Dedicou-se sempre à educação popular, primeiro na periferia de São Paulo e, a partir de 1972, no Nordeste, vivendo em Pernambuco e depois na Paraíba, no meio rural, até 1986 e, desde então, em João Pessoa, onde está até hoje. Compre os livros da autora em sua loja virtual no [link].