O Mix Literário, programação sobre livros e LGBTQIA+ apresentada anualmente durante o tradicional Festival Mix Brasil da Cultura da Diversidade, entra em sua terceira edição com uma novidade importante. Em ano de pandemia e indecisão política, promove mais uma ação que promete fortalecer o meio, o Prêmio Caio Fernando Abreu de Literatura, destinado à publicação em livro de uma obra literária inédita que tenha como foco a diversidade.
Segundo Alexandre Rabelo, escritor e idealizador dessas ações, “a obra de Caio alcança muitos leitores para além de suas narrativas mais biográficas como homem gay. Talvez isso não seja um acaso, já que nutria uma profunda ligação com a força do feminino, seja em grandes personagens, seja em sua relação com grandes damas de nossa literatura. Essa perspectiva é muitas vezes tomada como seu eixo de resistência, como em ‘Dama da Noite’. Além disso, Caio foi um dos primeiros autores queer brasileiros a receber reconhecimento geral, mesmo assumindo publicamente sua sexualidade. Sobretudo, Caio era muito atento a novas vozes dissidentes, tendo resenhado grandes estreias como as de João Silvério Trevisan, Ana Cristina César e Claudia Wonder.”
O prêmio, de abrangência nacional, será realizado em parceria com a Editora Reformatório, casa que acolherá a obra com um contrato exclusivo de publicação. As inscrições são abertas não só a autores estreantes, como também aos que já publicaram livros e têm uma obra inédita na gaveta. Os gêneros aceitos são romance, conto, crônica e poesia, valendo as linguagens híbridas. Marcelo Nocelli, editor da casa, avalia a importância dessa ação para um reconhecimento ainda maior de uma literatura de matriz queer por parte do meio editorial brasileiro: “A literatura, entre tantas outras disposições, também tem o compromisso de registrar o seu tempo, pois ela é um reflexo da sociedade, e nada mais importante neste momento que mostrar a diversidade, representá-la como algo natural que é, eis o trabalho desta literatura queer — por enquanto — normatizar estes personagens muito além das suas sexualidades, apresentá-los por suas vivências naturais como as de todo mundo, seus conflitos e angústias internas, afinal, até o ponto em que um leitor heterossexual mais conservador não estranhe ao ler que dois personagens homens se apaixonaram, e assim as grandes editoras parem de reservar uma pequena caixinha escondida para esta literatura.”
Para ler o regulamento e obter mais informações, acesse:
https://www.mixbrasil.org.br/mix/mix-literario-2020/