três poemas do livro ‘Todas as quedas são livres’, de Leandro Rodrigues

cadafalso

capa_rodriguesAs marcas de um voo morto
açúcares espalhados pelo sótão
do avesso de minha carne
costuramos madrugadas sanguíneas
marchamos para um cadafalso difuso
cores desmembram o laço
no nosso pescoço um pássaro.

Natal no morro

de sobressalto

a mãe olha para o filho
_____— são fogos de artifício!

meninos sonham acordados
castelos, dragões, bolas, cometas

e um país imaginário
sem balas perdidas.

ode/elegia

a palavra___/___o canto___/___a casca

dis
se
cá-
los

o grilo__________a cigarra
e sua ode__________e sua elegia
para a lua__________para o sol

o poeta___/___a cicatriz___/___o novelo

des
mem
brá-
los

Leandro Rodrigues nasceu em Osasco, São Paulo, em 1976. É professor de Literatura e considera-se um antipoeta ermitão, avesso no desavesso, corinthiano de roer unhas. Pai de João Gabriel, casado com Lúcia e astrônomo de sextas e sábados. Já lançou os livros Aprendizagem cinza (Editora Patuá, 2016), Faz sol mas eu grito (Editora Patuá,2018) e Todas as quedas são livres (Editora Penalux, 2020). Participou também de diversas antologias, entre elas: Hiperconexões 3 (2017), Sarau da Paulista (2019), MedioCridade (2019), 70x Caio (70 poetas homenageiam Caio Fernando Abreu, 2019). Já teve poemas publicados e traduzidos para Espanha e Estados Unidos (revista Dusie Nº 21 da UCLA — Universidade da Califórnia. Mas não acredita em nada disso. Continua aguardando na varanda os dois discos-voadores vistos na infância, para lhe proporcionarem um passeio que ainda não fez.