sequestram
a memória dos vencidos
como se interrompe
o curso de
um rio
com uma barragem de mil
novecentos e setenta e quatro
removendo corpos
vivos
como se caçam
animais vivos
para a morte
intimam a defesa
dos que veem o voo
de um pássaro
com seus olhos de silêncio
comprimindo-se em ausência
fuga do alvo
:
este pássaro te ensinou a resistir?
armam rojões
bombas e balas
numa manhã de sombras
nefastas
como são todas as manhãs
que nascem em quartéis
escuras salas
leis em livros fechados
ou nas camas
onde o outro deixou
a lembrança da eterna noite passada
e o coração em disparo:
serei eu o próximo?
Marcus Vinicius nasceu em Juazeiro, no ano de 1988. Escreveu O cacto não cresceu (editora Moinhos, 2018) e Ontem estive cálido (editora Urutau, 2018). Tem trabalhos publicados em revistas e blogs de poesia e compartilha alguns de seus poemas no ig @poesiademarcus. Atualmente, mora na cidade de Recife.