quatro poemas de Elke Lubitz Lautert

o rio dos meus olhos

Flutuações ante o espelho
rios cansados a correr pelos olhos
esperanças que encurtam distâncias
E se revelam saciadas de lonjuras

Aves no horizonte
cascatas cantantes
luzes de um sonho
perdido e flamejante

Como uma estrela atrasada
bem no meio do cosmo
Pétala rutilante, cometa fragmentado
num céu de
Rosas brancas.

cristais

Rosas de ravina na memória

O signo da lágrima
no sopro da noite

Aspersão de raios
nas asas estriadas

Sons silvestres a espalhar ramagens
um sismo pulsante gerando a palavra

Como cristais de chuva
abençoando os versos.

cansaço

Alinhavo palavras
para sobreviver das mortes diárias

Ressurgimento

O corpo do poema
zarabatana
setas silenciosas lançadas ao mar

Batalha ignóbil :
um leão de pedra contra a borrasca
o cansaço é sombra
na ferida do vento

Versos repousam na lã estendida
há festa lá fora para aplaudir o sonho
no meio da paisagem
o sino solitário silencia

Sem ressonâncias,

As palavras descansam
como noivas.

metade é mar

Navego
Neste
Há perigo nestes olhos
de tantas proas
Na cauda dessa onda
meu sacrifício é rede
Mar alto de alumbramento
multiplicadas embarcações
Para um só peixe
aprender a nadar.

Elke Lubitz Lautert é catarinense radicada em Jacaré (SP) há 34 anos. Pedagoga, pós-graduada, atuou na área educacional por 3 anos. Buscou outros rumos no empreendedorismo, trabalhando diretamente com literatura. Por meio das redes sociais, divulga atualmente sua escrita, escrevendo em sua fan page e outros veículos virtuais. Participou de várias antologias no Brasil e em Portugal. Seu livro solo, Um quase agora, tomará corpo em breve pela Editora Penalux.