I.
Se que há possível de enfrentar um mantra babelesco,
me tampo o nariz e a boca pra pré-sentir que traria algum bem
a construção a partir do diálogo.
Que há condições e parece, só parece, caminhamos decididos pro lado errado,
como a corroborar que a torre pode, tem direito, sim, do ir abaixo.
Esquerdismos → direitismos ↔ radicalismos → minorias ⤤ um bundalelê → conservação:
há mesmo solução pro forma pro em desatino sabotado?
E o tanto que se segue é para nos afiançar do o contrário.
II.
Nestes dias de ranço da sempiterna ânsia civilizante,
a dizer só tenho: parece:
a prece, pelo visto, vem tarde, entende? sempre tarde
a prece por vida mais afável, coerente.
E nada de um mar delamúrias coletivas.
Please…
Não é que arde no futuro,
cativa, essa lembrança hesterna
(de os furos chorar).
Permanecerá lá erma, contudo,
a história doída, de uma sociedade suicida: que anda e será.
E foi hino, nos basta, fatos.
Feito mato pisado de pés divinos.
O mato, não, não finda por sair do lugar.
Aceitar,
como natural luar de lua nova,
pode, só um indigno mal feito filme noir.
São dúvidas em aziago casuísmo
o que Deus designa,
a aprestar ruína,
desforço,
em nossa vontade em forca de acertar.
Um engodo. Nossa Babel amiúde. Prometeica.
Promete tanta e tanta heroína, que se vai o fígado, manteiga acre.
Agreste, a quem pouco deu-se,
agradece em vão:
a insciência — nossa — vai os outros matar de fome,
na construção da torre ou nos cuspes e socos da derrocada,
ou cada um dos outros conosco o mesmo fará?
Engole: não saberemos.
Mas, serenos, não precisamos de milagres.
A realidade já o é e nela se conforma.
O atento a língua só porá pra fora.
Cansa, o pensamento
doura o rombo coletivo,
do alento que alarde:
pondo a limpo,
quantos passos à frente a mais?
na paz sensatos fôssemos,
DES
_____ambi
__________CIOSOS…
Dá aí um desconto pro moralismo.
É passado.
Wellington Müller Bujokas cresceu em Barão de Antonina, interior de São Paulo. Em 2012, publicou Estudos (Travessa dos Editores), seu primeiro livro de poemas. É tradutor, jornalista e diplomata. Serviu em Astana (Cazaquistão) e Moscou (Rússia). Mora atualmente em Brasília. Wellington é o tradutor de Vladimir Maiakovski na nossa coleção disponível em https://revistagueto.com/traducoes/