espalhe o boato de que o país está em
crise.
faça as pessoas físicas
e
as pessoas jurídicas do lugar
incorporarem e temerem a ideia
no cotidiano de suas vidas.
use para tal a ajuda de uma mídia
massificadora
indecorosa, oligárquica e alienante e
da falência atávica do seu sistema
educacional.
Panis et Circenses, para a plebe: açaí, Big Brother, Guarapan e Neymar
Júnior.
cultive ervas daninhas em seu Legislativo,
mantenha obesas as hienas do seu Judiciário,
condene com o martelo putrefato de seus coveiros colegas juízes
quem venceu a situação
democraticamente,
deponha
assuma
humilhe
modifique
crie!
diminua a importância (se puder diminuir os salários, ainda melhor)
de quem dará alguma substância para a mente
dos filhos
de quem levantará os prédios e unirá estradas e conectará os cabos etéreos
do WI FI
de quem desentupirá os canos do condomínio
escarre nas leis trabalhistas
perdoe logo a dívida dos banqueiros
e das empresas e corporações geridas
por seus (ou familiares dos seus)
amigos ricos.
invista, equipe, bestialize
(e convença jovens mesquinhos
ou com problemas de auto estima
a se alistarem, em peso, em) seu exército fardado de assassinos (vulgo “polícia”) para a garantia de sua integridade
física.
lembre-se que a opinião pública é apenas um fogo fátuo fedorento
e só levemente corrosivo, quando chegar ao inferno
confesse para o Papai Satã sinceramente que você foi uma puta
sacana e corrompida, ele lhe dará gasalho e abrigo.
fomente a ideia “evangélicos e outras aberrações religiosas na política”.
torna-te, pois, um profissional político
bem-
-sucedido.
Filipe Rassi nasceu em Patos de Minas-MG (1989) e mora em Belo Horizonte. Vindo de uma família burguesa desequilibrada e insalubre, frequentou hospícios e largou duas faculdades para entender o real valor da poesia. Atualmente vive como artista de rua, já há três anos, vendendo os livretos que imprime.