brasil
Em Lisarb existe uma máquina de triturar sonhos,
Com dentes humanos,
Movida por um grande braço de dor.
Em seu corpo, vermes holográficos
Deslizam contorcendo-se em vórtices
Engolidos por uma grande mola propulsora
Que os transforma numa massa uniforme,
Modelável, humana.
mudez
Desprezo o silêncio,
mesmo o mais diabólico,
a quem dedico o pior de mim.
Desprezo seus nervos, sua respiração,
deixo-o, porém, que deslize por minha língua, que desça por minha garganta,
e adormeça em meu peito,
Deixo-o,
este assombroso asilo de morcegos,
apenas para que eu possa cavalgar
e errar,
e errar,
e errar.
In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti. Amen.
Tereza Du’Zai, natural de Itajaí, SC, é poeta, contista, cronista e professora de Língua Portuguesa e Literatura. O tempo, a loucura, a solidão e a morte são temas recorrentes na obra de Duzai que, desde 2015, tem se dedicado, também, à literatura fantástica e gótica.