Eu habitava comigo
como se a sonoridade do meu nome
fosse um origami
na aurora de cedro.
Eu me perdera de mim
como se a queda
fosse de mármore
e no bem que ganhara
perdesse a direção.
A curva.
O baque,
o presságio
de uma ilusão.
Era de granizo
a procela que feriu
e depois partiu.
Era poético
o corpo que suportou
e depois metaforizou.
Era um sabre
no bolso a vontade
de qualquer estrada
que desaponte
as evidências,
como se na letargia
dos céticos pudesse
acordar sem acreditar
na fealdade
dos porões bestiais.
Cinthia Kriemler lê o poema no link: http://bit.ly/poema_tito
Tito Leite nasceu em Aurora-CE (1980). É poeta e monge, mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Têm poemas publicados nas revistas Mallarmargens, Germina e na portuguesa TriploV. Digitais do caos (selo Edith, 2016) é o seu primeiro livro. É curador editorial da Revista Gueto.