tecidas, poema de Eduarda Vaz

dizem que as meninas
devem costurar
bordar
e fazer tricô

a mãe sabia
a vó sabia
a bisavó sabia
(…)

costurar, bordar, tricotar
herança feminina
costurar, bordar, tricotar
amansam a menina
costurar, bordar, tricotar
até o pensamento

tua mão não corre risco
de se aventurar pelo vento
nem de mergulhar na água
está na agulha
está no pano
está na máquina
teus firmamentos,
menina,
costura os lamentos
borda os tormentos
faz de ti o tricô
para guardar
para o casamento

às vezes eu te confundo
não sei onde começa o pano
nem onde tua pele termina
já não sei o que é agulha
nem mesmo linha
nem comando
nem armadilha

costurar bordar tricotar
herança feminina
costurar bordar tricotar
espero que um dia
possa
des
atar

Eduarda Vaz nasceu em Volta Redonda (RJ), em 1997. Desde pequena, queria ser escritora. Estuda Letras: Português/Espanhol na UFRJ, escreve em sua página Eduarda Vaz / Poesia e na Revista Pólen. Também é contadora de histórias e professora. Seu primeiro livro, Aresta, foi publicado pela Macabéa Edições em dezembro de 2017.