1.
Vê um Expedito virado na gota serena: — Ele, mainha, ele!
A mãe explode em voz: — Quê! Djabo é esse! De choro?
Logo afina; espana a coriza: — Deixe lá, ele, deixe lá que é estresse.
Beija Ditinho no ombro e sugere TV. Ao canto e de rodo na pia, vó abre nota de rodapé: “Isso é o povo na rua que faz raiva a ele e ele vem descontar no bichinho”.
2.
O supetão de detrás é de um meio de manhã abafada. Faltou a precedência:
Coisinha antes do primeiro travessão, Expedito fora ter mais o pai na garagem da casa; aí dá com o homem de língua no carro — uma cara de sumô, a zorba aparente. Moacir vê o garoto, mira uma caixa a escanteio e faz cumprimento de ordem: “Pega a chave-estrela ali pra mim!”. O menino vem com a de fenda. O outro solta os cachorros: “Você é leso, é? Eu falei a estrela, ora porra!”. Tinindo, Expedito voa de volta, no que ainda ouve: — Chora mesmo! Tu é um homem ou um rato?
O boyzinho aterrissa na cozinha e clareia o início do texto.
3.
Das aspas da avó a esta tarde de pau mole, o quê? Cinco horas! Tempo de Expedito beber do tonel do ressentimento.
— Se comporte, viu? Obedeça vovó que mamãe e papai já chegam. Dê cheiro!
Cheiram-se sob buzina, no que a mulher grita para além portão: “Tô indo!”; e, normal, à sala: “Djabo apressado! Tchau, meu amor; tchau, D. Mariana, se ele aperrear me ligue”.
Mãe sai e deixa Ditinho num bico de biquara, o olho no entre cerâmicas, apombaiado. Beira quem varre à espera da pá — que vem. É ideia súbita: “Vou mostrar quem é o rato aqui!”. Deixa a sala: — Vou beber água.
Na cozinha, arria — discretíssimo! — a tampa do fogão: vê as formas de bolo. Lembrara-se de mama de dias atrás: “Guardo aqui mas é mesmo que nada, os peste vem e cagam tudo de novo”. Dá mão às bolinhas negras e mete o granulado na boca.
Meia centena de segundos depois, Expedito cai no chão — gorfa que só.
Severino Figueiredo mora em Cabedelo-PB e escreve em Triste, mas curto.