da urgência, poema de Carlos Emilio Faraco

(Sábado, 13 de abril de 2013)

Se for urgente,
Dessacralize o pai-nosso,
O presépio e a primavera.
Se for urgente,
Suspenda todas as cançōes,
Cale todas as cigarras,
Apague o mar da Inglaterra.
Se for urgente,
Interrompa as sessōes de cinema,
As leituras de poema,
As soluçōes de dilema.
Se for urgente,
Cale as linhas dos jornais,
A busca das cartas náufragas,
O enredo dos romances
De vampiro ou cavalaria.
Se for urgente,
Pare de pôr a mesa,
Esqueça a comida no fogo,
Suspenda o final do jogo.
Se for urgente,
Ancore o navio no azul,
Desista do polo sul,
Da visita a Istambul.
Mas só Se for urgente,
Como o anúncio do amor.

Carlos Emilio Faraco é professor aposentado. Autor de obras educacionais e de um livro de poemas. Comete textos no Facebook. Ancião brasileiro (71 anos) esperando o gigante amanhecer.