três poemas de Macaio Poetônio

sob sete palmos o amor do papel

E então
cavar os buracos que
silenciam em que humanos
engolem entram em êxtase
abraçam as paredes frias

procurar as canetas
que escrevem o sangue
pegar levantar e lamber
o moinho de onde nasce
nossa tosse.

quando os violinos rasgam e o coração cai

Cadeiras craquejam lentas —
os músicos
tristes insetos
se levantam sombras em
assombro —

gestam a escalada do ar
e a aranha faminta.

Cabeças pendem
para o teto corais subterrâneos
tombam sons
dentro do peito.

profundo eco do berro

: escorrer esse líquido
quente escutar a memória
prudente dos pelos o
terror dos dedos
quando o sol queima quando
o sol queima a pele
se levanta e morre,

na sua direção. Cozinheira
do querer, afia
minhas línguas lapida
meus gritos.

Macaio Poetônio nasceu em 1990 na Pauliceia, sob o signo do centauro e filho de Murilo e Roberto. É um dos fundadores do portal de literatura Poesia Primata e da Editora Primata, nos quais exerce as funções de editor e de diagramador. Por meio da última, publicou as plaquetes noturno (2014) e seu cadáver estava repleto de mundo (2015), e o livro de poemas Os bares do Estado (2016).