à sombra da musa
A corja esmagando os fracos a tronco
De esmola.
Ouço lamentos nos hospitais,
A dor dos pais, a bala, a endereçada
Violência e maldição.
Mas tua fronte guarda um
Diamante, deusa dama
Dolorosamente de demasia
E desilusão.
Dilata-me deslumbrando doces desejos
Demonstre-me dois dizeres divergentes
Dormes desejando dizer-me
o mapa da dor
Com corpo de ouro e mineral
Minha mãe
(tão velha e tão idosa)
Sobre mim espalha seus perfumes
Cheirando a poeira dos corpos
(nas negras curvas do seu corpo)
Que jamais consigo repudiar
(a sede dos seus sorrisos soltos)
Escorregando em seus cabelos despenteadas.
(a miséria nos miúdos
adormece em seus estômagos
amarfanhadas)
Ernesto António Moamba, conhecido também como Filho da África (1994), é poeta e escritor moçambicano, nascido em Cidade de Maputo. Facebook: [link].