engate, poema de Richard Plácido

aponta
fere o martelo
indignado com a falta de
superfícies

o choro compulsivo
da furadeira
engatilha
meus ouvidos

soa calmo
como o tijolo que cai
acima das cabeças
suadas

hoje o latejar do
cartão de ponto
me corrói a
barriga

antiga façanha
de empilhar o
adocicado cimento

chora a furadeira
reclama o martelo

| do livro entre ratos & outras máquinas orgânicas |

Richard Plácido é escritor. Em 2016, publicou o livro entre ratos & outras máquinas orgânicas, pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Contato: richardplacido.com | placidorichard@gmail.com.