perdoa, meu Amado,
a minha ternura:
um pouco de desejo fresco
um rio sempre muito grande
e braços e pernas e árvores
e ordens amorosas de sentido
perdoa se traí o amor a vida
e o poema:
o amor estreito entre duas aves
ou entre dois corpos
ou entre duas palavras
no intervalo de um fruto
perdoa se entre o dia de ontem
e o de amanhã
naveguei entre dois cavalos e duas
fascinantes palavras
esta arte da fome e da ambição
que entre flores nos comove.
Jorge Vicente nasceu em 1974, em Lisboa, e desde cedo se interessou por poesia. Com Mestrado em Ciências Documentais, tem poemas publicados em diversas antologias literárias e revistas, participando, igualmente, nas listas de discussão Encontro de Escritas, Amante das Leituras e CantOrfeu. Faz parte da direcção editorial da revista on-line Incomunidade. Tem quatro livros publicados, sendo o último noite que abre (voltad’mar: 2016).