não pisam ainda os ventos
sobre as águas e rapidamente
a grama azul se espalha
sobre o mar e as nuvens suspiram
pela terra fértil
é outono e o globo terrestre
se contorce frente ao estranho
linguajar das algas
é frágil o sono dos penhascos
e melancólico o riso dos trovões
a espessura do momento exige
substância vasta, é escasso o vinho
que alimenta as plantas
a erva nova avista grande precipitação
os morcegos se enraízam na terra úmida
fecundando a clausura dos dias
a carruagem da noite se avizinha
ressuscitem os peixes azuis
e os dragões luzentes!
é forte o aroma das cores no cio
chegou o tempo das flores
onde a noite se veste de sol e as palavras
bebem o mais leve leite lunar
chegou o tempo das flores
onde brota o amor-menino que se deita
sem receio em cama feita de corais
Marcel Fernandes (1986) nasceu e reside em Antonina-PR. Desenvolve pesquisa visual sobre a relação entre realidade e ficção, permeando as artes visuais e a literatura. Tem publicados poemas e fotografias em revistas literárias, como Escamandro, Mallarmargens, Parênteses e a portuguesa Piolho. Graduado em Administração com habilitação em Gestão Portuária pela UEPR e especialista em Organizações Públicas pela UFPR.