capivara assada, poema de Geovanne Otavio Ursulino

três pessoas muito altas sentadas
ao redor duma fogueira gigante
brigando porq há dias só comiam
capivara assada cozida ensopada

chegamos há dias na floresta
sob água dum céu q desaba
famintos perdidos loucos
a única luz tava logo adiante

criaturas das profundezas do chão
precisam voltar pro chão antes do sol
dissemos uns aos outros famintos
chegamos há dias na floresta

nem capivara comemos com cebolas
grandes e batatas selvagens
com alecrim e muita pimenta
precisam voltar pro chão antes do sol

esperamos o sol atrás das árvores
escondidos enquanto o céu desaba
chegamos há dias na floresta
o sol não veio por aqui o sol não vem

partimos famintos aos berros
com espadas lanças flechas contra
as três pessoas muito altas sentadas
ao redor duma fogueira gigante

cebolas grandes batatas selvagens alecrim
muita ou pouca pimenta discutem
agora as três pessoas muito altas
sobre a melhor receita pra nossa carne

Geovanne Otavio Ursulino é historiador. Editor da revista Alagunas. Escreve no blog amorfo poema. Tem textos publicados nas revistas Alagunas, Zona de Impacto, Eutomia, Mallarmargens e Primeiro Capítulo. Contato: g.o.ursulino@gmail.com